Eu como uma pessoa tímida tenho bastante propriedade sobre isso, sendo uma pessoa que ao iniciar uma conversa tem que pensar no mínimo cinco vezes antes no que vai falar com medo da pessoa nunca mais querer conversar comigo.
Acho que isso seja algo muito enraizado em nós seres humanos. Selecionar as palavras certas quando for direcioná-las a alguém. Esse receio vem da nossa busca incessante por satisfazer o outro, saber o que falar e quando falar com o objetivo de chamar atenção mantendo as aparências de uma pessoa interessante que consegue prender uma conversa.
Existe um termo em inglês chamado “people pleaser” que significa “alguém que tem um forte desejo de agradar aos outros, mesmo às custas de suas próprias necessidades”. Ultimamente eu tenho estado tão ocupada sendo uma “people pleaser” que não tenho tido tempo para me agradar.
A forma como nos portamos para outras pessoas está estritamente interligada com a nossa autoestima e o que a gente espera do receber em troca. Como se a vida dependesse de agradar para nos sentirmos bem consigo mesmo, até porque é muito mais fácil ter uma conversa a dois, do que uma conversa a sós.
Isso ocorre pois muitas pessoas não sabem o benefício de falar sozinho, de aproveitar da própria companhia e organizar seus pensamentos sem o medo de ser julgado. Quando aprendemos a nos agradar, não precisamos da validação de mais ninguém. Ser auto-suficiente é uma tarefa fácil, mas os seres humanos estão sempre em busca do caminho difícil.
Estando confortável no próprio diálogo é possível estreitar novos laços e criar vínculos fortes baseados em confiança. Pense comigo, quantas vezes você desperdiçou a oportunidade de conhecer pessoas novas tudo porque você não sabia iniciar uma conversa? ou melhor, porque assim como eu, teve medo de ser julgado?
Temos nos preocupado tanto em como os outros vão nos enxergar que esquecemos de ser nós mesmos apenas pela satisfação de agradar alguém. Desse jeito de pouquinho em pouquinho vamos perdendo um pouco de nós, tornando-se em versões criadas na cabeça de outras pessoas.
É nessa hora que entra a autoestima. Muitos de nós tentamos ser o que não somos apenas porque não gostamos das nossas versões de fábrica, como se a gente não quisesse viver dentro da nossa própria cabeça, continuamos apenas representando aquilo que esperam de nós, como robôs.
Temos que desconstruir nossa imagem como “people pleaser” e passar a enxergar nosso potencial por si. Pois se todas as pessoas do mundo só escutassem o que querem ouvir, estaríamos todos infelizes, e são essas pequenas imperfeições que nos torna ainda mais especiais.